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NO MEIO DO CAMINHO TINHA UM LIVRO / JOÃO SCORTECCI

Nada mais “interessante” que uma biblioteca itinerante de livros! Coleciono fotos, textos, reportagens e arquivos sobre o assunto. Engenhocas não faltam! Na Internet podemos encontrar milhões de ideias e projetos viáveis e bem-sucedidos. Qualquer serviço de biblioteca, que não esteja fixo num lugar, é classificado como uma biblioteca itinerante. Já vi de tudo, transformado em biblioteca: ônibus, carroça, Kombi, bicicleta, motocicleta, mulas, bancos de praça, vagão de trem, caminhão, canoa, barco, carrinhos de picolé, pirâmide, geladeira, lambreta e outros. A primeira biblioteca itinerante que conheci – e que me marcou, muito – foi o navio-biblioteca português, no Porto de Santos/SP, no ano de 1972, numa excursão com alunos do Instituto Mackenzie. Voltei encantado! O objetivo principal de uma biblioteca itinerante é facilitar o acesso ao livro e fomentar o hábito da leitura. O primeiro plano de biblioteca itinerante realmente praticável parece ter sido iniciado pelo engenheiro e inventor inglês Samuel Brown (1799 – 1849), em East Lothian, na Escócia, em 1817. Brown adquiriu 200 volumes selecionados – cerca de dois terços dos quais eram de tendência moral e religiosa e o restante eram livros de viagens, agricultura, artes mecânicas e ciências populares – e montou quatro bibliotecas de rua com 50 volumes cada, em Aberlady, Saltoun, Tyninghame e Garvald. Em 20 anos, essas bibliotecas aumentaram para 3.850 volumes distribuídos por 47 aldeias. Uma das primeiras bibliotecas itinerantes foi a Biblioteca Perambulante de Warrington (Warrington Perambulating Library), montada em uma carrinha de cavalo, operada pelo Warrington Mechanics' Institute, em Cheshire, Inglaterra, no ano de 1858. O serviço de livros “perambulantes” foi sucesso imediato e funcionou, ininterruptamente, até 1872. No Brasil, a ideia anda viajando! As bibliotecas itinerantes estão em todas as partes: praças, vilas, centros culturais, escolas, estações de metrô e trem, clubes e feiras. Desde 2001, ajudo na formação de bibliotecas públicas e comunitárias, doando livros, inicialmente por meio do Portal Amigos do Livro e agora, desde 2022, com o Projeto Livros para Todos. Gosto de pensar que no meio do caminho tinha um livro, algo assim.  

João Scortecci