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CRISÁLIDAS MACHADIANAS: EFUSÃO DE ASAS LIBERTAS! / JOÃO SCORTECCI

Crisálidas e Corina: metamorfose! Machado (Joaquim Maria Machado de Assis, 1839 - 1908) tinha, na época, 25 anos de idade, isso no ano de 1864. Terceiro ciclo de vida de uma borboleta: é quando a lagarta atinge o seu ciclo completo, solta a pele e produz a dura casca (casulo) protetora da crisálida. Depois, borboletas no estômago: “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Dom Casmurro” e muitos outros. Crisálidas, originalmente, tinha 29 poemas, 17 dos quais foram cortados pelo poeta quando editou “Poesias Completas”, em 1901. Entre os 17 poemas da obra “Os Versos a Corina”, os dedicados à sua primeira musa, cuja identidade ficou escondida no casulo do coração e nunca, jamais, foi revelada. Amor por crisálidas! Machado, maior escritor brasileiro, um dos fundadores e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Machado e seus segredos de lagarta! “Amemos! diz a flor à brisa peregrina, / Amemos! diz a brisa, arfando em torno à flor; / Cantemos esta lei e vivámos, Corina, / De uma fusão do ser, de uma efusão do amor.”. Gosto de pensar que toda borboleta voa o seu derradeiro destino. Muitos chamam de o “terceiro ciclo de vida”. Desapego absoluto! Corina pode ter sido o último amor maduro, pode ter sido uma fantasia qualquer – passageira – ou ter sido, a mutação da alma ou até mesmo o próprio desejo de “metamorfose” machadiana, e ser, infinitamente: o gozo da lagarta no cio, o corpo protetor das formas, do casulo rompido, ou, ainda, uma efusão de asas libertas em dia de queda livre. 

João Scortecci