Pesquisar

1964, A UBE E A GESTÃO DO JORNALISTA OLIVEIRA RIBEIRO NETO

O jornalista e romancista Afonso Schmidt (1890-1964), após eleito, tomou posse na presidência da UBE – União Brasileira de Escritores, no dia 18 de março de 1964, alguns dias antes do golpe militar de 1964. Na ocasião, seu vice, o professor e jornalista Luiz Geraldo Toledo Machado (1927-2010), estava em viagem no exterior e não pôde, formalmente, tomar posse, segundo os estatutos da entidade. No dia 31 de março – 13 dias depois da eleição – foi deflagrado o golpe militar de 1964. Três dias depois, no dia 3 de abril de 1964, Afonso Schmidt veio a falecer, deixando vaga a presidência da UBE. Uma assembleia extraordinária foi, então, convocada pelo Conselho Consultivo e Fiscal da entidade, formado pelos intelectuais: Mário Donato, Joaquim Pinto Nazário, Leôncio Basbaum, Solano Trindade, João de Souza Ferraz, Maria José de Moraes Pupo Nogueira, Fábio Rodrigues Mendes, Aristeu Bulhões e Benedito Geraldo de Carvalho. Nova eleição foi marcada, e, na ocasião, foram registradas três chapas, encabeçadas, respectivamente, pelos escritores: Jamil Almansur Haddad, Oliveira Ribeiro Neto e Mário Graciotti. Alguns dias antes da eleição, Haddad e Graciotti renunciaram, e o professor, promotor público, juiz e adido cultural do Itamaraty, Oliveira Ribeiro Netto (Pedro Antônio de Oliveira Ribeiro Netto, 1908-1989), foi indicado como presidente da UBE. Os primeiros anos da sua gestão foram marcados por conturbações na ordem jurídica do País, prisão de escritores e apreensão de livros. A entidade, nesse período, publicou diversos boletins, dirigidos pelo escritor e romancista Ibiapaba Martins (Ibiapaba de Oliveira Martins, 1917-1985) que, em artigos assinados, verberava as violências contra escritores presos, perseguidos e torturados. Somente no dia 20 de maio de 1965 a chapa encabeçada pelo jornalista Oliveira Ribeiro Neto tomou posse, de direito, tendo Lygia Fagundes Telles (1ª vice), Raimundo de Menezes (2º vice), Ibiapaba Martins (Secretário Geral), Roberto de Paula Leite e Hernâni Donato (Secretários), Walter José Faé, Paulo da Silveira Santos e Maíza Strang da Rocha (Tesoureiros). Foram eleitos como diretores: Herculano Pires, Leão Machado, Lília A. Pereira da Silva, Henrique L. Alves, Hélio Silveira, Pascoal Melantônio, João Freire de Oliveira, Clóvis Moura, Alexis Pomerantzeff e Gabriel Marques. O Conselho Consultivo e Fiscal foi formado pelos escritores: Cassiano Ricardo, Sérgio Milliet, João Accioly, Mário Donato, Mário Graciotti, Aristeu Bulhões, Joaquim Pinto Nazário, Domingos Carvalho da Silva, Tito Batini e Solano Trindade. Nesses mais de 50 anos de livros, assusto-me, sempre, quando lembro que conheci, convivi e publiquei pela Scortecci Editora muitos desses incríveis e imortais escritores. Não adianta dizer que eu era jovem e tive sorte: eu envelheci, também.   

João Scortecci