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FERNANDO SABINO, RUBEM BRAGA, EDITORAS DO AUTOR E SABIÁ E O AI-5 / JOÃO SCORTECCI

Eu e o escritor mineiro, Fernando Sabino (1923 – 2004), um dos responsáveis pela minha vida de livros, nunca conversamos sobre a Editora do Autor (1960 até 1966), fundada por ele, em sociedade com Rubem Braga e Walter Acosta, e, muito menos conversamos, sobre a Editora Sabiá (1967 até 1972), fundada em sociedade com o escritor Rubem Braga (1913 – 1990). Nossos encontros sempre foram rápidos e pontuais, em aeroportos, feiras e bienais, em rádios e programas de TV. No ano de 1960, o jornalista Sabino, então correspondente do Jornal do Brasil, visitou Cuba, na comitiva do Presidente Jânio Quadros (1917 – 1992). Na volta da viagem, Sabino escreveu A revolução dos jovens iluminados, texto incluído na obra que inaugurou, oficialmente, a Editora do Autor. Depois foram lançados os livros: Furacão sobre Cuba, de Jean-Paul Sartre; Ai de ti, Copacabana, de Rubem Braga; O cego de Ipanema, de Paulo Mendes Campos; Antologia Poética, de Manuel Bandeira; e O homem nu, de Sabino. Um dos títulos de maior sucesso da casa editorial foi Para uma menina com uma flor, de Vinícius de Moraes, em 1966. Clarice Lispector (1920 – 1977), também publicou por essa casa editorial e, posteriormente, pela Sabiá. Coube à editora de Sabino e Braga traduzir e publicar Cem anos de solidão, do escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez (1927 – 2014), e O apanhador no campo de centeio, do norte-americano J. D. Salinger (1919 – 2010). A Editora Sabiá publicou importantes autores brasileiros: Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Augusto Frederico Schmidt, Jorge de Lima, Cecília Meireles, Dante Milano, Rachel de Queiroz, João Cabral de Melo Neto, Autran Dourado, Dalton Trevisan, Clarice Lispector, Murilo Mendes e Stanislaw Ponte Preta. Publicou, também, traduções de obras de outros escritores estrangeiros: Pablo Neruda, Jorge Luis Borges, Manuel Puig, Mario Vargas Llosa. Em 13 de dezembro de 1968, a Editora Sabiá programou uma grande festa no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, com o lançamento de vários livros, entre os quais: Revolução dentro da paz, de Dom Hélder Câmara; Roda viva, de Chico Buarque de Holanda; O Cristo do povo, de Márcio Moreira Alves; e Nossa luta em Sierra Maestra, de Che Guevara. Nesse mesmo dia, foi editado o Ato Institucional nº 5, que “oficializou” a ditadura militar no Brasil. A festa de lançamento – infelizmente – acabou tendo de ser cancelada. A Sabiá resistiu bravamente até o ano de 1972, quando foi comprada pela Livraria José Olympio Editora, fundada em 1931, e que, desde 2001, pertence ao Grupo Editorial Record. Fernando Sabino foi um "encontro marcado” na minha vida de escritor, editor e gráfico. Gosto de lembrar que a primeira edição do livro O encontro marcado foi publicado no ano do meu nascimento: 1956. 

João Scortecci