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ALMANAK DA "GAZETA DE NOTÍCIAS" / JOÃO SCORTECCI

Na folha de rosto do Almanak, ano 1903, publicação da Typographia da Gazeta de Notícias, consta esta apresentação: “Contendo, além de todas as informações dos anteriores, o horário e o percurso exacto de todas as estradas de ferro, quer particulares, quer públicas dos Estados do Rio de Janeiro, Minas e S. Paulo, sahidas dos paquetes e vapores, as taxas do correio, audiencias dos diversos tribunaes, tabellas dos preços de carros e tylburys [veículo com duas rodas e dois lugares, puxado por um animal] e de enterro, muitas outras informações uteis para o commercio, taes como as tarifas das estradas de ferro e o indicador geral das ruas. Na parte litteraria figuram os principaes prosadores e poetas.” Pesquisando sobre anuário – publicação anual que registra informações sobre um ou vários ramos de atividade, tais como ciências, artes, literatura, profissões, economia etc. – e almanaque – livro que, além do calendário do ano, traz diversas indicações úteis, poesias, trechos literários, anedotas e curiosidades, etc. –, pude observar, até certo ponto surpreso, o espaço destinado nessas publicações para textos literários de poetas e prosadores desconhecidos e famosos. Espiando também nas páginas da Revista PAN (1935 – 1945), semanário editado e impresso pelo meu avô materno, José Scortecci, observei o mesmo "prestígio", por assim dizer. No ano de 1999, no Almanaque Santo Antônio, publicação da Editora Vozes, foi publicada, com o título “O Fabricante de Sonhos” (p. 202-204), a entrevista que concedi à escritora, poetisa, advogada, jornalista e tradutora Maria Thereza Cavalheiro (1929 – 2018), com vários títulos publicados pela Scortecci Editora, sobrinha-neta da poetisa parnasiana Colombina (Yde Schloenbach Blumenschein, 1882 – 1963) e fundadora da Casa do Poeta “Lampião de Gás”, na cidade de São Paulo. Nos anos 1980, na sede da UBE – União Brasileira de Escritores, conversando com uma famosa poetisa parnasiana, perguntei-lhe: “Poeta ou poetisa?”. Ela me respondeu, com cara feia: "Eu sou uma poetisa. Não gosto de modismos." Um detalhe typographico e litterario: nunca andei de tylburys! Fazer o quê? Acontece.

João Scortecci