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JOSÉ OLYMPIO, CASA GARRAUX E A SEMANA DE ARTE MODESTA EM BATATAIS/SP NO ANO DE 1987 / JOÃO SCORTECCI

A José Olympio Editora foi fundada em 1931 pelo editor e livreiro batataense José Olympio (José Olympio Pereira Filho, 1902 – 1990), na cidade de São Paulo. Em 1918, com 16 anos de idade, José Olympio deixou Batatais – região metropolitana de Ribeirão Preto – e se mudou para a capital paulista, com o objetivo de estudar Direito. Conseguiu um emprego na Papelaria, Livraria e Typographia Casa Garraux (A. L. Garraux & C.), então de propriedade de Charles Hildebrand. Trabalhou na seção de livros, e o serviço consistia em abrir caixas de livros e limpar a poeira das estantes. Depois passou a ajudante de balconista, época em que tomou gosto pelos livros. A Casa Garraux era frequentada por políticos e escritores, como Menotti Del Picchia, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Plínio Salgado e Cassiano Ricardo. Em 1926, com a morte de Charles Hildebrand, José Olympio assumiu o cargo de gerente da seção de livros. No final da década de 1920, José Olympio começou a se interessar por livros raros e se tornou um respeitado entendido no assunto. Com a morte do advogado e jornalista, Alfredo Pujol (Alfredo Gustavo Pujol, 1865 – 1930), colecionador de livros raros, Olympio fez uma oferta para a família e comprou todo o acervo desse colecionador. Foi o início do seu legado. Adquiriu – depois – vários outros acervos, para, em 1931, aos 28 anos de idade, fundar a Casa José Olympio Livraria e Editora, na Rua da Quitanda, 19 A, na capital paulista. Em 1934, a livraria se mudou para a cidade do Rio de Janeiro, então centro intelectual do Brasil. Em 1935, Olympio se casou com a professora e escritora Vera Pacheco Jordão, com quem teve dois filhos, Vera Maria Teixeira e Geraldo Jordão Pereira (1938 – 2008), fundador da editora Sextante (1998), junto de seus filhos Marcos da Veiga Pereira e Tomás da Veiga Pereira. Nas décadas de 1940 e 1950, a José Olympio se tornou a maior editora brasileira. Publicou perto de 2 mil títulos, com 5 mil edições, sendo 900 autores nacionais e aproximadamente 500 autores estrangeiros. Em 1987, visitei Batatais – cidade natal de José Olympio –, durante a Semana de Arte Modesta, encontro comemorativo dos 65 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. O evento em Batatais foi “grandioso” e registrou a presença de centenas de escritores de todo os cantos do Brasil. Fomos e voltamos de ônibus alugado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Do meu lado – eu, na janela do ônibus, e ele, no corredor do meio –, o escritor e editor Pereira (Antonio Olavo Pereira, 1913 – 1993), irmão caçula de José Olympio. A viagem de 350 km, de São Paulo até Batatais, durou quase 6 horas. Dos atrasos e das demoras, uma única certeza: torcendo para não chegar nunca! Conhecê-lo foi um “presente dos deuses”. Na época, a Scortecci Editora tinha pouco mais de cinco anos de idade. Em 2001, a José Olympio Editora foi comprada pelo Grupo Editorial Record.

João Scortecci